Hoje, 16, as trabalhadoras terceirizadas da Unicamp de Limeira, junto aos estudantes, paralisaram suas atividades denunciando os escandalosos assédios, acidentes de trabalho e precarização a que são submetidas todos os dias e exigindo a manutenção dos seus direitos que foram retirados com a entrada da empresa Soluções.
quarta-feira 16 de novembro de 2022 | Edição do dia
Para saber mais sobre a paralisação, o Esquerda Diário conversou com o estudante de ciências sociais, Gabriel Brisighello que é da Faísca Revolucionária e coordenador do Centro Acadêmico de Ciências Humanas, o CACH, e contou um pouco para nós sobre essa luta:
“No período de férias da universidade, recebemos a notícia de que o contrato das trabalhadoras do bandejão iria ser trocado, passaria da Funcamp para a empresa Soluções, ou seja, o trabalho que já era bastante precário passaria a ser ainda mais, nas mãos de uma empresa que tinha até mesmo casos de comida estragada em presídios. Além disso, significaria centenas de demissões e novos contratos com menos direitos. Nós da faísca defendemos a criação de um comitê, junto a outros estudantes e entidades estudantis, e esse comitê se efetivou e foi responsável por organizar atos, pula-catraca e dezenas de cursos da Unicamp chegaram a paralisar exigindo os direitos das trabalhadoras terceirizadas. A reitoria de Tom Zé, sempre lavou suas mãos, disse para nós que deveriamos ter paciência, mesmo quando vimos um trabalhadora em Limeira, lugar onde há os piores relatos de assédio e precarização, morrendo. E quando Cleide morreu fizeram seus companheiros de trabalho seguirem trabalhando. Essa é a reitoria da Unicamp de “excelência” e essa é a terceirização do trabalho, quando dizemos que ela precariza, divide e chega a matar, não é brincadeira, e as trabalhadoras do bandejão da Unicamp, maioria mulheres negras, estão sentindo isso na pele. Por isso, lutamos hoje com elas para defender a manutenção de todos os direitos, já que há direitos como o vale- alimentação que diminuiu em mais de 600 reais no Brasil da fome, o fim dos assédios e da sobrecarga, e que seja um ponto de apoio para lutarmos pela efetivação de todas, sem necessidade de concurso público.
Essa também é a realidade de muitos pelo país, no Brasil de Bolsonaro vimos a terceirização e precarização do trabalho aumentando cada dia mais, e é esse Brasil que defende o bolsonarismo que segue com força social e dentro das instituições. As reformas e ataques que vimos no país só serviram para arrancar o couro dos trabalhadores e da juventude, por isso que também é preciso apontar o caminho da mobilização para defender a revogação integral de todas as reformas que precarizam nossas vidas, como é a reforma trabalhista e também da lei de terceirização irrestrita. Para enfrentar esse cenário é preciso que os sindicatos de todo o país organizem nossa luta, independente do governo eleito de Lula-Alckmin que já anunciou que não vai revogar as reformas e vai governar junto aos grandes empresários e patrões.
Hoje na Unicamp lutamos para que os estudantes vejam que é preciso estar lado a lado com essas trabalhadoras, dentro e fora da universidade, elas sim são nossos aliados e vão lutar conosco para defender a permanência estudantil e a educação e estão mostrando hoje um caminho para lutar contra a precarização do trabalho de forma independente da direita e dos patrões. Por isso, as entidades estudantis, como CAs e DCEs e os sindicatos, como o STU, devem cercar ativamente essa luta de solidariedade, colocando todo esforço necessário para que as demandas das trabalhadoras terceirizadas sejam atendidas”.
Veja mais em: Bandejão da Unicamp de Limeira amanhece paralisado contra precarização do trabalho