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Genocídio | Israel segue escalada do massacre ao povo palestino, mais de 100 mortos nas zonas de refúgio em Rafah

O exército israelense lançou uma nova série de bombardeios mortais em Rafah, provavelmente matando mais de 100 pessoas. Um prenúncio do desastre que ocorrerá no sul de Gaza

terça-feira 13 de fevereiro | Edição do dia

Enquanto aconteciam negociações entre diplomatas estadunidenses, alguns governos árabes e Israel para um cessar-fogo alargado, Benjamin Netanyahu decidiu, na semana passada, continuar as operações genocidas na Faixa de Gaza. Depois de o primeiro-ministro israelense ter pedido, na sexta-feira, ao exército que preparasse um “plano combinado” para conquistar Rafah e evacuar para um destino desconhecido os 1,3 milhões de desabrigados que se refugiaram na região temporariamente, parece ter começado a primeira fase das operações.

Às 1h49, horário local, de segunda-feira, as forças israelenses iniciaram uma série de ataques a Rafah, alegando que estavam realizando um “ataque de bombardeio” para permitir o resgate de dois reféns. Cerca de quatorze edifícios e três mesquitas foram bombardeados. De acordo com um relatório provisório do Ministério da Saúde de Gaza, 67 palestinos perderam a vida nos bombardeios, mas registros em vídeos publicados nas redes sociais indicam um número muito maior de mortos, cerca de 100 pessoas assassinadas. Na segunda-feira, o exército de Israel também atacou veículos de civis, agentes da polícia local e palestinos foram detidos e levados para o hospital do Kuwait.

Essa primeira operação sangrenta demonstra os horrores que estão para acontecer em Rafah, onde estão abrigados mais de 1,3 milhões de refugiados, incluindo 600 mil crianças, que foram forçados ao exílio pela ofensiva terrestre no norte, e também onde a densidade populacional é máxima. Como disse Jamal Al-Fadi, morador do enclave, ao jornal francês Le Monde, "há cerca de 27 mil pessoas por quilômetro quadrado, você pode imaginar? Qualquer combate militar, bombardeio ou tiroteio pode matar dezenas de pessoas. Uma invasão terrestre, seja qual for a forma que assuma, pode matar milhares de pessoas nestas condições."

Enquanto a cidade, que cobre uma área de 60km quadrados, parece agora presa nas garras da máquina de guerra israelense, os residentes temem que as operações militares adotem o mesmo protocolo que foi realizado metodicamente em Gaza ou em Khan Yunis: ataques massivos para preparar a ofensiva terrestre. Com o cerco total e a impossibilidade de evacuação, são realizados ataques e prisões em cada bairro, execuções extrajudiciais, punições coletivas e deportação para prisões israelenses ou morte. Uma vez esvaziada a população da cidade, as operações geralmente terminam com a destruição metódica dos edifícios até que tudo esteja em ruínas.

Dessa vez, foi o resgate de dois reféns que serviu de justificativa para uma operação sanguinária e violenta. Eles foram capturados em 7 de outubro no kibutz Nir Yitzhak, nos arredores do enclave. Os dois homens, de 60 e 70 anos, eram de nacionalidade argentina e foram transferidos para Tel Aviv. De acordo com um comunicado de imprensa do Shin Bet, eles estão em boas condições físicas. Em uma declaração publicada no X, o presidente argentino de extrema-direita, Javier Milei, agradeceu às forças de Tsahal e comemorou a libertação dos dois reféns.

A operação do exército de Israel alcançou vários objetivos: deu legitimidade política a uma série de ataques, que acontecem sem qualquer justificativa, contra a população de Gaza, ao mesmo tempo que acalmou o movimento para a libertação dos reféns. Faz parte também da aproximação diplomática entre Benjamin Netanyahu e Javier Milei, que aproveitou a viagem a Israel para anunciar a transferência da embaixada argentina para Jerusalém, nos territórios ocupados.

Ao mesmo tempo, é evidente que a prioridade de Netanyahu continua sendo a manutenção da agenda estratégica da "terceira fase" da guerra em Gaza: assumir o controlo do corredor de Filadélfia, sob a soberania egípcia, e da porta de Rafah para completar a limpeza étnica da Faixa de Gaza. Uma operação que ameaça agravar a instabilidade do equilíbrio regional.

Na medida em que Israel está num cabo de guerra com o Egito pelo controle do corredor de Filadélfia, uma estreita faixa de terra de 100 metros de largura e 14km de comprimento ligados à fronteira Israel-Egito, a ofensiva sobre Rafah impõe um ultimato ao presidente egípcio Al-Sissi. Ameaçando as vidas de mais de um milhão de refugiados, a campanha de Rafah é uma engrenagem essencial na diplomacia de carnificina de Netanyahu: pressionar o Egito ao causar mortes nas suas fronteiras para forçá-lo a acolher os habitantes do enclave de Gaza.

Enquanto o Egito aumentou o tamanho das suas forças posicionadas na fronteira, o governo israelenses opta pela Nakba: expulsar do Sinai mais palestinos do que as guerras coloniais de 1948 e 1967. O governo israelense tem um único objetivo: forçar os palestinos a abandonar o que resta das suas terras ou aniquilá-los no seu próprio solo.

Por outro lado, o procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, expressou, nesta segunda, a sua “preocupação” com o bombardeio na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e alertou que “aqueles que infringirem a lei serão responsabilizados" como parte da investigação que está "sendo realizada com a máxima urgência".

“Estou profundamente preocupado com o bombardeio e a possível incursão terrestre das forças israelenses em Rafah. O meu gabinete tem uma investigação em curso sobre a situação no Estado da Palestina. Isso está sendo feito com a maior urgência, com vista a levar à justiça os responsáveis pelos crimes previstos no Estatuto de Roma”, acrescentou Khan.

Desde 2021, Khan abriu uma investigação sobre os alegados crimes cometidos desde 2014 nos territórios palestinianos ocupados, de Gaza à Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e que também inclui o atual massacre. Isso reflete o poder limitado do Tribunal, que faz parte de um mecanismo da ONU para legitimar as ações do imperialismo e dos seus amigos.




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