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EDITORIAL | Lula e o PT conciliam com a direita quando é preciso derrubar o golpista Temer com a força da luta

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

quinta-feira 23 de junho de 2016 | Edição do dia

As delações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, causaram abalos consideráveis naqueles que organizaram o golpe institucional, colocando o próprio Temer na mira das denúncias. Quanto mais Lava Jato, mais imprevisibilidade na política.

Dificuldades e batendo cabeça na frente golpista

Além do desejo pela queda de Dilma e do PT no poder, poucos pontos uniam os golpistas, como promover um governo com ajustes mais duros e rápidos do que vinha se implementando, as divergências na Lava Jato aumentam esta instabilidade e imprevisibilidade.

A economia, por hora, é a única fonte de estabilidade para Temer. A proposta de teto nos gastos públicos de acordo com a inflação e a divulgação de resultados da economia que mostram leve atenuação da recessão somado ao aumento da taxa de exploração dos trabalhadores. O salário desvalorizado em cerca de 17% por conta da inflação nas alturas e desvalorização do real são fontes de aplauso para Temer.

Mas nem tudo é um mar de rosas para o golpista. A Lava Jato depois de ter contribuído para conduzir Temer ao poder agora está seguindo uma trilha que gera maiores instabilidades ao trazer à tona denúncias contra todos partidos do regime.

A Lava Jato combate a corrupção mesmo?

Longe de significar o combate à corrupção e o ressarcimento dos bilhões roubados dos cofres públicos, cada delator está conseguindo devolver uma fatia do que declara que levou, indicar nomes e cumprir uma “prisão” bastante confortável em suas mansões.

O STF então ora caça uns, ora livra outros quando bem quer, a depender do interesse político, que parece caminhar até o momento para ajudar o tucanato paulista, mas não visa na realidade o combate à corrupção. Sergio Moro fez cursos no Departamento de Estado Americano e está ligado por mil laços com os interesses das petroleiras imperialistas. A atuação do judiciário como um todo, visa substituir um esquema de corrupção por outro. Mais ligado ao imperialismo, salvando políticos como Serra, grande interlocutor ianque segundo o wikileaks, e ao mesmo tempo que faz isso vai fazendo avançar medidas arbitrarias como detenções sem julgamento que o Estado brasileiro já fazia nas periferias e cedo ou tarde se voltarão contra os trabalhadores.

Chances de volta de Dilma: uma volta para seguir conciliando com a direita

Em meio as desinteligências da frente golpista, retomam as chances de Dilma retornar ao poder. A estratégia petista segue sendo a do conchavo, da conciliação de classes com a patronal e a direita, tentando convencer parlamentares de direita, empresários, que o PT pode ser um caminho mais seguro para que o país consiga um novo ajustador, respaldado pelas urnas, para implementar os ataques.

Centrais sindicais a serviço da conciliação petista, como lutar por uma alternativa

A CUT e a CTB compõe um dos principais pilares de sustentação dos ataques aos direitos trabalhistas, por sua posição não-golpista e discursivamente oposta a Temer. A única forma de derrotar estes ataques é cercando de solidariedade as lutas em curso e, como na França, confiar nas forças do movimento operário unificado com a juventude.

Já o PSOL e PSTU seguem comemorando cada ação da Lava Jato, desarmando os trabalhadores estrategicamente a levantar uma política independente das instituições do Estado capitalista, que em nada os trabalhadores devem confiar.

É necessário que os sindicatos impulsionem um plano de luta contra a crise, impondo o fim da paralisia das centrais sindicais, impedindo as demissões e a redução salarial (veja na página 3 desta edição). Medidas anticapitalistas, de autodefesa dos trabalhadores, exigem naturalmente um choque com o regime político dos capitalistas. É necessária uma nova Constituinte, Livre e Soberana imposta pela luta dos trabalhadores para atacar este pacto tutelado pelos militares e defender os direitos, exigindo que todos os juízes sejam eleitos, revogáveis e recebam o mesmo salário de uma professora, assim como políticos de alto escalão, que elimine o pagamento da dívida pública e estatize sob controle operário as empresas públicas estratégicas, que faça os capitalistas pagarem pela crise.




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