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Precarização | "Nos sentimos o próximo a ser abatido": professores de MG denunciam a precarização de Zema e da SEE

Professores designados de MG denunciam as situações a que a política empresarial de Zema e a precarização da educação os estão submetendo. A categoria está em campanha salarial, em luta pelo pagamento do Fundeb e do piso salarial. No entanto, muitos professores seguem sem salário algum.

sexta-feira 15 de março | Edição do dia
Foto: Agência Brasil

Estudantes sem aulas e professores no desemprego: essa é a realidade da educação de Minas Gerais. Todos os anos, a saga das designações duram meses para inúmeros professores, sejam aqueles que precisam de mais aulas para complementar renda ou os que sequer conseguiram ser contratados pela SEE.

Esse ano a situação se agrava pela implementação completa do Novo Ensino Médio, fazendo com que os cargos fiquem ainda mais picados e os designados com as piores classificações fiquem com aulas apenas de itinerários formativos. Com isso, também ficam sem tempo de serviço nas disciplinas para as quais se graduaram, gerando uma bola de neve que leva a uma distância ainda maior entre os já poucos direitos dos efetivos, e os quase inexistentes direitos dos designados.

E é para manter tamanha precarização que Zema e a SEE submetem os trabalhadores da educação a várias humilhações e arbitrariedades, tanto nos processos de designação quando no trabalho nas escolas. Veja as denúncias que recebemos pelo Esquerda Diário e pelo Coletivo Nossa Classe Educação:

"A diretora atrasou um edital porque com a regra do agrupamento, ela modificou os cargos montados e uma pessoa do seu círculo de amizade ficou com cargo completo, enquanto outro ficou com poucas aulas. Na mesma escola, há disciplinas sem professor porque os editais não foram lançados no horário correto."

"Em uma mesma designação três colegas perderam a vaga por regras que não estão em resolução nenhuma. O primeiro porque o anexo I estava sem cópia, quando é possível entregar o original se o candidato quiser. O segundo porque o anexo II não estava lacrado, o que não é obrigatório. O terceiro porque o comprovante de endereço não estava no seu próprio nome, quando nestes casos o candidato assina uma declaração específica. Um clima amedrontador em que nos sentimos o próximo a ser abatido."

Uma colega perdeu o cargo de uma hora para outra por fechamento de turma. Ela chorou muito pois estava com os próximos salários já comprometidos com uma dívida que só fez por finalmente ter conseguido aulas na designação. Ao mesmo tempo, as turmas que não são fechadas ficam lotadas, morremos de calor e temos que gastar muito as cordas vocais.

"Sou designada e precisei agendar perícia admissional como se fosse efetiva, pagar os exames do meu próprio bolso sendo que tenho poucas aulas, recebendo menos de um salário mínimo, e não tenho nenhuma garantia de que não vou perder meu cargo. Isso porque no ano passado eu adoeci! A gente pega doenças respiratórias dentro da escola, desgaste da garganta, problemas psicológicos/psiquiátricos... é muito provável ter mais de 15 dias de atestado em um ano. Mas para Zema e a SEE o designado não tem direito a adoecer, e fazem isso pra nos inibir. Vi e soube de colegas que foram trabalhar com dengue esse ano com medo de passar por esse caos no ano que vem."

Por esses motivos que a campanha salarial de 2024 da rede estadual de educação precisa unir efetivos e designados para enfrentar toda a precarização. Como disse a professora Maré na paralisação de 48h que aconteceu essa semana, o SindUTE deve convocar um conselho de representantes de escolas, organizados pelas subsedes, porque apenas a organização desde a base com independência dos governos e do judiciário é capaz de potencializar as forças dos trabalhadores para conquistar o pagamento do Fundeb e do piso salarial da educação, assim como enfrentar o ataque de Zema ao direito dos designados aposentados usarem o Ipsemg. Veja:

A defesa de um plano de carreira com iguais direitos para efetivos e designados é uma forma de combater a principal forma de precarização do trabalho da rede estadual de MG, mas essa luta precisa ir muito além e é nacional. Por isso convidamos todos a conhecerem e assinarem o Manifesto Contra a Terceirização e a Precarização do Trabalho, e o usar como um instrumento de luta contra esse problema estrutural que atinge professores, ASBs, ATBs, estudantes, as famílias e toda a classe trabalhadora.

Veja também: Todo apoio à greve dos trabalhadores da educação da rede municipal de Contagem




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