×

Declaração da Faísca Revolucionária | O culpado das ondas de calor é o capitalismo: Justiça por Ana! Destruir esse sistema!

Os últimos dias de onda de calor escancararam, apesar do negacionismo climático, que o aquecimento global é um fato. São temperaturas que ultrapassam os 40ºC, condições degradantes de trabalho nas escolas, indústrias, nos transportes, incêndios no Pantanal, tempestades, além da revoltante morte pelo calor intenso e descaso capitalista e do Estado de Ana Clara Benevides no show da cantora Taylor Swift. O capitalismo é responsável pela destruição do meio ambiente, da vida humana, das condições de trabalho e do futuro da juventude - pois então, que morra!

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

domingo 19 de novembro de 2023 | Edição do dia

O aquecimento global é um fato. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), São Paulo atingiu a temperatura mais alta já registrada na história (39ºC), e ao lado de outros 13 estados e o Distrito Federal, está há dias sob Alerta Vermelho, com elevação anormal da temperatura e com sério risco à vida. Circulam nas redes vídeo de uma mãe quebrando o vidro de um ônibus para que houvesse circulação de ar já que seu filho estava passando mal, além da morte de um bebê de 2 anos após ser esquecido na van escolar. São inúmeros os relatos de desmaios e mortes, aumentando significativamente o atendimento nos hospitais, as condições de trabalho se tornaram insalubres e insuportáveis nas escolas sem ventilação e lotadas, nas fábricas, nos comércios. A empresa privada ENEL culpa a chuva pelas 80 mil pessoas em São Paulo que ficaram sem luz para esconder todo o sucateamento da privatização. Da mesma forma, moradores da Rocinha relatam sensação de “sauna”, estão há dias sem luz por conta da Light, empresa privada de energia, gerando protestos com bloqueios de vias. Foi esse calor insano, que no Rio de Janeiro registrou 42,5ºC neste sábado (18), com sensação térmica chegando a 60ºC, somado ao descaso da empresa Tickets For Fun, do governo do Rio de Janeiro e do Estado, que matou Ana Clara Benevides no show da cantora Taylor Swift, gerando grande revolta nas redes sociais. A empresa se negou a distribuir e permitir a entrada de água no evento e os espaços de circulação de ar estavam cobertos por tapumes. “Morreu de capitalismo”, foi um comentário frequente exigindo justiça pela jovem. A sanha de lucro capitalista que mercantiliza e impede a liberdade da cultura é a mesma que destrói o meio ambiente, a vida humana, as condições de trabalho e o futuro da juventude, das mulheres, negros e oprimidos.

Leia mais: Fã morre e 1000 passam mal em show de Taylor Swift com calor de 60º e falta de água para aumentar lucros

O que gera essas ondas de calor extremo é a combinação nefasta entre o El Ñino, fenômeno de origem natural que aquece as águas do Oceano Pacífico, e o aquecimento global capitalista, ao que especialistas já estão chamando de Super El Ñino. Há um grande fluxo de massas de ar seco que bloqueiam a passagem de frentes frias, o que somado ao aquecimento já anormal dos oceanos e da atmosfera, se torna insuportável. No Brasil, o avanço sem precedentes do agronegócio, com o desmatamento sistemático de biomas para o plantio de soja e criação de gado bovino para exportação, principais fontes de emissão de gases de efeito estufa no país, produzem um desequilíbrio dos ciclos biogeoquímicos que alteram o microclima regional e acumulam mais contradições para catástrofes ambientais. Exemplo disso é a seca histórica que assola a Amazônia Ocidental, deixando Manaus há semanas encoberta por fumaça, com botos e peixes mortos nas margens dos rios e queimadas ao longo da paisagem, ou mesmos as intensas tempestades no Sul e Sudeste que deixam milhares sem luz e desalojam centenas de famílias, além dos incêndios no Pantanal. Assim como analisou o último relatório do IPCC, caso não se tomem atitudes decididas contra o aquecimento global, eventos climáticos extremos, como esse que vivenciamos, serão cada vez mais frequentes e intensos.

O governo de frente ampla Lula-Alckmin, com Marina Silva à frente, faz demagogia verde sobre a pauta climática, mas os níveis de desmatamento não estão muito distantes do bolsonarismo quando Ricardo Salles estava no auge de “passar a boiada”: tivemos uma redução relativa do ritmo de destruição na Amazônia, mas no vizinho Cerrado (que inclusive tem rios que deságuam na bacia amazônica, como o Araguaia, Tocantins, Tapajós) há um recorde de desmatamento, com 2023 sendo o pior ano desde 2018. Além disso, Lula traz para dentro de seu governo os ruralistas do centrão, chegando ao cúmulo de filiar 51 prefeitos de partidos burgueses, incluindo o PL de Bolsonaro; coloca ministros do Republicanos no governo, partido do governador de extrema-direita de São Paulo, Tarcisio de Freitas, que declarou guerra aos serviços públicos com a tentativa de privatização da SABESP, Metrô e CPTM. A conciliação de classes abre espaço para à extrema-direita negacionista e contribui para que quem pague mais caro pela crise climática sejam os trabalhadores, negros, mulheres, LGBTQIAP+ com as privatizações nos estados. Diante da dupla dependência entre EUA e China, Lula faz um discurso mais “sustentável” que o reacionário Bolsonaro, mas mantém as bases econômicas ecocidas, como é exemplo o ciclo neoextrativista, com o lítio à frente, na América Latina. O “capitalismo verde” não passa de uma grande falácia, parte das promessas falidas de uma parcela relevante das burguesias imperialistas preocupadas em não destruir suas fontes de lucros, não a natureza em si.

Nesse sentido, as burocracias sindicais da CUT e CTB, e estudantis da UNE, dirigidas pelo PT e PCdoB, mantém a trégua. No último dia 17, junto de Haddad e Marina Silva, a UNE e outros movimentos sociais apresentaram o Plano de Transformação Ecológica do governo de frente ampla. Ao invés de organizar pela base estudantil com assembleias e um grande plano de lutas junto dos trabalhadores, povos originários, camponeses e movimentos sociais por justiça climática efetiva, a UNE referenda o greenwashing dos créditos de carbono, um plano “sustentável, mas de desenvolvimento” que basicamente significa seguir a cartilha do capitalismo verde: mitigar a pegada de carbono, mas, principalmente em países coloniais e semicoloniais como o Brasil, manter o modal energético, de transporte, industrial e agrícola como ecocida e dependente. Ao mesmo tempo, partidos da esquerda como o PSOL, que mantém uma federação com a ecocapitalista REDE de Marina Silva e compõe a base do governo Lula-Alckmin inclusive com cargos, adaptam-se à essas direções burocráticas e reproduzem seus métodos nos DCEs e CAs que estão à frente ao lado dos stalinistas da UP e PCB, disseminando ilusões na conciliação de classes do governo, por fora de auto-organizar es estudantes ao lado dos trabalhadores para impor justiça climática com luta.

As ondas de calor fazem parte de um fenômeno internacional e complexo de degradação da natureza mundialmente. Não à toa, o ano de 2023 foi considerado o mais quente em 125 mil anos. Esse sistema relega à juventude crises econômicas e guerras, como a da Ucrânia e o genocídio de Israel contra o povo palestino. As Cúpulas Climáticas da ONU, mesmo organização internacional que fundou um Estado artificial e racista como o de Israel, se mostram totalmente ineficientes. Alguns analistas já indicam que as negociações entre os Estados sobre a pauta climática podem ficar ainda mais difíceis diante das tensões causadas com a guerra de Israel ao povo palestino. Nenhuma confiança na diplomacia dos ricos! Como disse Greta Thunberg, “não há justiça climática em terras ocupadas”, fazendo referência à Palestina. E precisamos ir mais além: devemos nos inspirar no movimento internacional contra o genocídio palestino, que remonta os grandes protestos contra a Guerra do Vietnã, e unir a luta no Brasil por uma Palestina livre, operária e socialista, e as bandeiras do não pagamento da dívida pública e taxação das grandes fortunas para investir num plano de emergência controlado pelos trabalhadores e construir infraestrutura necessária para enfrentar as ondas de calor; uma reforma urbana radical sob gestão dos trabalhadores e controle da população para repensar as condições de moradia e transporte sob as novas condições climáticas, visto que a crise é muito mais grave para o povo trabalhador e pobre, negro, mulheres; uma transição energética verde, com expropriação das grandes empresas ecocidas sob gestão dos trabalhadores e controle da população; reforma agrária radical; demarcação de todas as terras indígenas, entre outras medidas urgentes que apontem para as massas oprimidas a necessidade de acabar, por meio da revolução socialista, com esse sistema irracional.

Como sintetiza Karl Marx a história humana é produto da história natural, ela é o movimento real das condições de produção e reprodução dos meios materiais e imateriais da vida em sociedade. A forma pela qual a sociedade humana se apropria desses meios naturais para manter e desenvolver sua existência se dá pelo trabalho, a mediação do metabolismo entre sociedade e natureza. Essa relação não é neutra, mas possui um caráter de classe em nossa época. Os capitalistas, detentores da propriedade privada das grandes terras, empresas de transporte, petrolíferas, megamineradoras etc. sugam o trabalho alheio como parasitas. Na necessidade de acumular mais e mais capital, rompem a harmonia no metabolismo entre ser humano e natureza. Essa é a raiz do problema e do desastre que vivemos.

Mas diante da catástrofe, não podemos nos resignar ou assumir que tudo está perdido. O materialismo do marxismo revolucionário, não apenas engloba um sentido total entre ser humano e natureza, mas é também de ação. A história não está dada, é preciso lutar para transformá-la radicalmente. Lutamos pelo comunismo, o movimento real que supera todas as coisas, uma sociedade sem exploração e opressão, sem classes nem Estado, que restabeleça a harmonia da coevolução entre a história natural e a humana. Não se trata de um objetivo utópico, mas uma necessidade e uma possibilidade material. Ao invés das universidades terem parcerias com o Estado genocida de Israel, com o agronegócio e os capitalistas ecocidas, a ciência e a cultura estariam à serviço dos interesses das maiorias populares; a partir disso, ao contrário da tecnologia servir ao aprofundamento da destruição do meio ambiente e degradar condições de vida e trabalho do povo trabalhador, o conhecimento iluminaria um planejamento racional da economia, transformando e inventando técnicas que, além de proteger, integrem e desenvolvam a natureza junto da sociedade humana em todo seu potencial. A harmonia entre o metabolismo social e natural, mediado por um trabalho que seja livre, não a escravidão assalariada, mas um trabalho que seja apenas uma parte de um dia dedicado à arte, à desvendar os mistérios da natureza, ao amor, no qual cada um possa contribuir com o que puder e ter a possibilidade de usufruir do que quiser da forma que desejar - fará desabrochar da biodiversidade natural o florescimento de uma diversidade humana múltipla nas culturas, gêneros e mundialmente exuberante na criatividade e muitíssimo mais feliz. Nessa sociedade, seria impensável que uma jovem de 23 anos saísse de casa para realizar um sonho, andando de avião pela primeira vez, e retorne morta, pela ganância capitalista.

Com a globalização neoliberal e internacionalização das cadeias produtivas, as condições objetivas para uma transição energética limpa, com o avanço da ciência e da técnica, mediante o fim das fronteiras nacionais e a confraternização e solidariedade entre os povos do mundo, está mais colocada do que nunca. Se o aquecimento global é mundial, a revolução também o deve ser. Diante do belicismo das potências, do genocidio, devemos confiar apenas na unidade entre a classe que tudo produz e tudo pode transformar com o conjunto dos oprimidos para fazermos do aquecimento global e do capitalismo apenas um episódio longínquo da história natural e humana.

É por isso que a Faísca Revolucionária luta, em cada local de trabalho e estudo, de forma independente de todos os governos, confiando apenas na auto-organização dos trabalhadores e estudantes, batalhando para emergir uma força social independente e comunista. Com a força dessas ideias, chamamos todes a debaterem e se organizarem conosco. Se o capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo!




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias