×

EDUCAÇÃO | Por que os estudantes de Serviço Social da UFRGS precisam apoiar a greve dos técnico-administrativos?

Escrevemos esse texto com o objetivo de abrir diálogo com os estudantes de Serviço Social da UFRGS sobre a necessidade de apoiar ativamente a greve dos técnico-administrativos em educação.

domingo 14 de abril | Edição do dia

Desde o dia 11 de março, os técnico-administrativos em Educação (TAEs) federais estão em greve no Brasil todo, alcançando mais de 60 instituições, incluindo a UFRGS desde o dia 18/03. Sem reajuste salarial desde 2016, o governo federal propôs reajuste zero para a categoria esse ano, uma política de arrocho salarial que mantém o déficit inflacionário de 53% nos salários. Além da recomposição salarial, reivindicam com a greve a reestruturação das carreiras de técnicos e docentes, revogação de todas as normas que atacam a educação e foram aprovadas nos governos de Temer e Bolsonaro, que hoje são mantidas por Lula, recomposição do orçamento da educação e reajuste das bolsas e auxílios estudantis.

Essa greve é fruto de uma situação de anos de cortes e ataques que aprofundam a precarização e estrangulam o orçamento da educação. O governo de frente ampla Lula-Alckmin, longe de romper com essa política, tem também aplicado seus próprios cortes bilionários na educação, o último anunciado no dia 11 de abril, que atinge também a saúde e chega a R$ 4 bilhões. Esses cortes são parte de ajustar o orçamento conforme as regras do arcabouço fiscal, teto de gastos de Lula-Haddad, aprovado no ano passado, que asfixia as verbas de áreas essenciais para transferir dinheiro para os capitalistas com o pagamento da dívida pública. No Serviço Social da UFRGS, a precarização se expressa em termos menos professores e técnicos do que necessitamos, o que impõe sobrecarga a esses setores, bem como poucas bolsas para as atividades de ensino, pesquisa e extensão, o que tem influência na nossa formação.

Os técnico-administrativos em greve apontam o caminho de como se enfrentar com essa situação, fazendo cair a partir da luta a medida antigreve do governo federal de só negociar com categorias que não estivessem paralisadas, um ataque absurdo ao direito histórico de greve dos trabalhadores. A proposta do governo de reajuste de 4% enquanto a categoria está há quase dez anos sem reajuste é quase uma piada, pois não acompanha nem a inflação de quem tem visto seu poder de compra cair ano após ano. Por isso, a categoria segue mostrando sua força e disposição para lutar, tendo aprovado aqui na UFRGS a continuidade da greve em assembleia com mais de 200 na última quinta-feira (11).

O movimento estudantil historicamente já cumpriu um papel muito importante em aliança com os trabalhadores, tendo demonstrado essa força poderosa inúmeras vezes. O curso de Serviço Social da UnB deflagrou greve estudantil em apoio à greve dos técnicos e dos professores, e a UFF aprovou greve estudantil em toda a universidade, dois fortes exemplos que fortalecem a luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. O Serviço Social da UFRGS tem uma tradição de lutas que precisa ser resgatada, com histórias que passam pela construção de uma oca no campus para reivindicar um espaço para o centro acadêmico, greve estudantil pelo retorno do prédio do IP para estudar, ocupação e participação em mobilizações contra os ataques dos governos federais nas ruas lado a lado com os trabalhadores. Esse lugar de vanguarda e combatividade precisa ser retomada para o enfrentamento das lutas de hoje.

Passado quase um mês de greve, não é possível mais ficar parados e é preciso se perguntar: qual papel os estudantes de Serviço Social podem cumprir em apoio à greve dos TAEs? Lamentavelmente, A direção da UNE vem boicotando a greve desde o início, sequer manifestando apoio à greve e fazendo de tudo para paralisar ações em apoio à greve ou mesmo construção de greves estudantis que possam unificar com os técnicos. Isso ocorre pois é uma greve que objetivamente se enfrenta com o governo, e a UNE é subordinada a ele, por isso a necessidade de um movimento estudantil independente.

Essa greve legítima e fundamental que eles têm travado é um exemplo que pode nos ensinar muitas lições. A nossa luta é uma só e isso precisa se expressar na prática. É urgente que seja organizada uma paralisação unificada de estudantes, técnicos e professores da UFRGS para fortalecer e organizar a luta. Para isso, o DCE precisa servir como ferramenta de organização dos estudantes e convocar uma assembleia que organize essa paralisação e outras medidas de apoio ativo. Precisamos de entidades que vão além de apenas soltar notas em apoio, é preciso ter medidas de ação efetivas. Assim como o CASS e o conjunto de centros e diretórios acadêmicos precisam construir a paralisação e o apoio desde as bases com assembleias de curso. É esse o caminho para fortalecer a luta pela educação e arrancar as nossas demandas.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias