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Defesa da educação | Por um dia de paralisação unificada dos estudantes, professores e trabalhadores das Federais

Os técnicos administrativos das Universidades e Institutos Federais estão há quase 1 mês em greve. Nessa semana, está sendo a vez dos docentes debater a adesão à greve já indicada pelo ANDES-SN para o dia 15 de abril. De norte a sul do país, os trabalhadores das Federais estão questionando a política de precarização da educação pública que resulta em arrocho salarial e ataque às suas carreiras, apontando o caminho para lutar em defesa da educação. É o momento dos estudantes se unirem a essa luta: pela construção de um dia nacional de paralisação unificada!

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

terça-feira 9 de abril | Edição do dia

O debate sobre greve está retornando aos corredores e salas de aulas das universidades Brasil afora. Já são mais de 60 Universidades e Institutos Federais com técnicos administrativos em greve contra o arrocho salarial e a precarização das suas carreiras. A categoria não recebe reajuste desde 2016 e tem uma defasagem salarial que beira quase os 40%, situação que estourou com o anúncio de que o governo Lula iria dar reajuste zero à categoria em 2024. Esse arrocho salarial vem para corresponder ao Arcabouço Fiscal, novo teto de gastos que restringe o orçamento da educação e da saúde públicas para destinar ainda mais dinheiro à ilegítima dívida pública, verdadeira bolsa banqueiro.

Agora, chegou a vez dos professores. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) anunciou indicativo de greve para o dia 15 de abril, e desde então os docentes de várias universidades já estão se reunindo em assembleia para votar a adesão à greve. Em universidades como a UnB, a greve foi aprovada com 257 votos a favor, e também houve adesão nos Institutos Federais de PE e SP. Algumas outras universidades onde já houve assembleia, como UFRJ, UFSC e UFPI, a maioria optou por não aderir à greve. As reivindicações dos docentes se unificam às dos técnicos e defendem: reajuste salarial, reestruturação da carreira, contra os cortes na educação e pela revogação das reformas e ataques que foram aprovadas no governo Bolsonaro e seguem mantidas pelo governo Lula.

A partir dessa movimentação grevista, começa a se gestar nas Federais um questionamento mais profundo à precarização estrutural que afeta hoje o ensino superior público, que carrega nas costas 10 anos de cortes consecutivos, acumulando um rombo bilionário próximo a R$ 8 bilhões. É significativo que esse movimento se inicie pelos trabalhadores, que são aqueles que fazem nossas universidades funcionar todos os dias e quem primeiro sente a precarização na pele junto dos terceirizados e dos estudantes trabalhadores, bolsistas e cotistas. Isso porque na hora do arrocho, os governos e reitorias sempre descarregam a crise nos setores mais precarizados e isso vemos concretamente com a falta de permanência estudantil e as constantes demissões de terceirizados ou atrasos e não reajuste de salários.

Qual pode ser o papel dos estudantes?

Ainda que a greve dos técnicos administrativos (TAEs) esteja com peso distinto em cada universidade até o momento, com alguns setores mais paralisados que outros, ela já dura há 3 semanas e os servidores vêm demonstrando disposição de luta, com importantes manifestações de rua no Rio de Janeiro e em Natal na última semana, apontando o caminho para lutar contra os cortes e os ataques à educação e à juventude, como o Novo Ensino Médio, o Arcabouço Fiscal e o PL da Uberização. A possível entrada dos docentes nessa luta pode dar um gás a mais nessa mobilização, fortalecendo e massificando a greve para atacar a crise orçamentária que é sentida no chão das universidades. É preciso que os estudantes apoiem ativamente essas greves, entrando junto na luta e construindo um forte dia de paralisação nacional unificada entre estudantes, trabalhadores e professores!

A precarização atinge em cheio os estudantes, seja com a falta de bolsas, com a precariedade dos restaurantes universitários e a falta de água e ventilação, por isso, é urgente que se adote um caminho de unidade entre todos os setores que constroem a universidade. Na UFRJ e na UFRN, terceirizados também realizam paralisações em defesa dos seus direitos. É por ver o potencial que existe nessa unidade, entre estudantes e trabalhadores, que nós da Juventude Faísca Revolucionária estamos apoiando ativamente a greve em cada universidade que estamos presentes pelo país, participando das assembleias, construindo rodas de debates, fazendo campanhas visuais pelos campings e exigindo dos centros acadêmicos e DCEs que convoquem assembleias de base para massificar o apoio à greve entre os estudantes, transformando o apoio passivo que vemos nas salas de aula em apoio ativo. Do mesmo modo, é através do debate em assembleia que podemos discutir os receios que também estamos vendo surgir entre os colegas sobre a greve dos professores. Retomemos o histórico de luta do movimento estudantil que só conquistou as cotas pelo país inteiro porque teve mobilização, com ocupações e greves, para servir de exemplo nesse momento e lutarmos para enfrentar a precarização das Federais, o Novo Ensino Médio, o Arcabouço Fiscal e medidas como o PL da uberização, que afetam em cheio a juventude e só nos reservam um futuro sem perspectiva.

Por um dia nacional de paralisação unificada dos estudantes, professores e trabalhadores das Universidades e Institutos Federais: uma só luta em defesa da educação!

Por tudo isso, é preciso erguer um forte dia de paralisação nacional, construído pela base com assembleias em cada universidade e instituto federal. As direções das entidades precisam deixar de ignorar a greve dos servidores: enquanto a UNE segue calada (sequer um post vimos nas redes), vários DCEs pelo país não estão movendo força real para apoiar a greve. Basta dessa paralisia! Os TAEs estão dando exemplo de luta em defesa da educação, que precisa ser defendida na luta e não ser negociada com os grandes empresários da educação como está fazendo o governo de Lula e Alckmin e o Ministério da Educação de Camilo Santana. Nesse governo de frente ampla cabe até mesmo Nikolas Ferreira, mas reajuste aos servidores e revogação dos cortes na educação, não. Essa é a prova de que a conciliação de classes, levada à frente pelo PT e PCdoB/UJS, só fortalece a extrema direita e suas pautas reacionárias, como é o NEM aprovado recentemente. As organizações de juventude do PSOL, como Afronte e Juntos, assim como a Correnteza/UP, se dizem oposição à majoritária da UNE, mas ao não colocar os DCEs e entidades estudantis que dirigem com todo peso para apoiar e construir essa greve, se adaptam à política de conciliação do PT e da UJS, permitindo que a principal entidade estudantil do país atue praticamente como uma secretaria do governo, subordinada aos interesses da frente ampla, cumprindo um papel de conter as crises na educação enquanto os direitos da juventude são rifados em conluio com a direita. Contra a passividade que as direções burocráticas tentam impor às bases estudantis e de trabalhadores, nos inspiramos nos professores do estado do Ceará que nesse momento travam uma luta em defesa dos seus direitos à revelia da burocracia de seu sindicato (dirigido pelo PT, PCdoB e Resistência/PSOL), enfrentando a direção pelega e dizendo “aqui quem decide são os professores”.

Imaginemos o impacto que pode ter se todos os DCEs e Centros Acadêmicos das Federais construirem assembleias de base para debater com os estudantes como construir um dia de paralisação unificada junto aos técnicos e professores? Uma luta assim pode garantir o reajuste aos técnicos e professores, mais verba pras Federais, a revogação de todos os cortes na educação, do NEM e do Arcabouço Fiscal. Esse é nosso chamado a todos estudantes e às entidades estudantis: unificar com os trabalhadores e defender a educação através da luta de maneira independente das reitorias e governos!




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