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ATENTADO NA TURQUIA | Repúdio ao atentado na Turquia: o Estado e o governo do AKP são responsáveis

Diante do brutal atentado em Ankara, reproduzimos a declaração de repúdio de Nicolás del Caño, candidato a presidente, Myriam Bregman e Christian Castillo, deputados pela FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) e dirigentes do PTS, e da FT-Quarta Internacional, da qual o MRT faz parte.

quinta-feira 15 de outubro de 2015 | 02:33

O duplo atentado do último sábado na “marcha pelo trabalho, paz e democracia” em Ankara é o ponto mais álgido de uma escalada contra o movimento curdo e setores da esquerda turca.

Este fato de uma violência inaudita deixou um saldo de ao menos 148 mortos e centenas de feridos. A concentração havia sido convocada por um amplo arco de organizações sindicais e políticas, entre as quais as duas principais centrais sindicais da esquerda do país, DISK e KESK, associações de profissionais progressistas e as principais associações de imprensa, repudiando a detenção dos jornalistas e perseguições que aumentaram nas últimas semanas, junto com o Partido Democrático Popular (HDP), uma frente de organizações de esquerda e progressistas dirigida pela esquerda curda, para repudiar a violência estatal contra os curdos, desatada desde julho passado quando o governo de Erdogan deu por concluído o diálogo de paz com o Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK) em vigor há anos.

Esse atentado cometido contra organizações operárias e populares foi repudiado por uma multidão, que no domingo saiu às ruas das principais cidades da Turquia e enfrentou a repressão policial. Por sua vez, os sindicatos envolvidos chamaram a partir do dia 12 de outubro a uma greve geral de dois dias. Também houve manifestações de repúdio ao massacre em várias cidades europeias.

O ataque do ultimo sábado é o ponto culminante de uma violenta escalada que começou no último julho, quando um atentado na cidade de Suruç, localizada na fronteira com a Síria dirigido contra uma organização juvenil da esquerda curda tirou a vida de 33 militantes e deixou mais de 100 feridos.

O presidente turco, Erdogan, do Partido da Justiça e do Desenvolvimento, responsabilizou como igualmente reacionário o Estado Islâmico e o PKK, lançando uma feroz perseguição contra esse setor mais radicalizado do movimento curdo, tanto dentro da Turquia, como no Iraque e na Síria, acusando-o de terrorismo. Os ataques contra as posições do PKK por parte do exército turco deixaram mais de 400 mortos nos últimos três meses.

Erdogan conta com o apoio e a cobertura do governo dos Estados Unidos para sua guerra suja contra as organizações curdas e da esquerda turca. Em troca, Obama ofereceu o uso de suas bases aéreas para o combate contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.

Por sua vez conta com a sustentação da União Europeia, que acaba de oferecer nada menos que 1 bilhão de euros ao governo turco para que mantenha os refugiados em seu território, onde há mais de 2 milhões de refugiados sírios, do Iraque e Afeganistão. Durante esses dias Merkel visitará o governo turco para buscar um acordo ante a crise dos refugiados.

Ainda não se conhecem os responsáveis diretos desses brutais atentados. Vários apontam o Estado Islâmico. Mas para além de quem detonou as bombas, o governo de Erdogan é o primeiro responsável político, e tem as mãos machadas de sangue curdo. É o que se escutou das manifestações de repúdio aos atentados de Ankara no sábado: “Erdogan é o assassino”.

Desde que decidiu romper a trégua com o PKK, o partido do governo incitou a violência e o nacionalismo turco contra a minoria curda e as organizações de esquerda. Em particular lançou um ataque sistemático contra o HDP e que nas últimas eleições de 7 de junho conseguiu passar a proscrição de 10% dos votos para entrar no parlamento. Dessa maneira frustrou o projeto de Erdogan e do AKP de conseguir uma maioria parlamentar para dar um giro profundamente bonapartista em direção a um regime baseado na autoridade presidencial.

Esse revés eleitoral para Erdogan e o AKP tem como antecedentes a rebelião juvenil do Parque Gezi, em Istambul, em 2013 e as numerosas greves dos trabalhadores, como a que paralisou a industria automobilística em maio desse ano. O fracasso do AKP em formar uma coalizão de governo fez com que se convocassem novas eleições para o próximo 1 de novembro.

A violência orquestrada a partir do governo contra o HDP incluiu vários ataques contra sedes partidárias e uma campanha de desprestígio contra seus dirigentes, parlamentares e conselheiros, com mais de 1500 presos, acusados de “terrorismo”. Com isso Erdogan espera ganhar as eleições, localizando-se como a única via de contenção de uma possível guerra civil que ele mesmo está alimentando.

Repudiamos energicamente o atentado antioperário e antipopular do sábado, somos solidários à dor das organizações operárias e juvenis que perderam seus militantes, tanto como as famílias e as vítimas, e denunciamos que para além daqueles que hajam perpetrado, o governo de Erdogan e do AKP é responsável por sua política de perseguição a serviço de manter a opressão contra a minoria curda e lhe negar seu legítimo direito à autodeterminação nacional.

Nicolás del Caño, candidato a Presidente, atual Deputado Nacional pela FIT, Dirigente Nacional do PTS.

Myriam Bregman, candidata a Vice presidenta, atual Deputada Nacional pela FIT, Dirigente Nacional do PTS.

Christian Castillo, candidato a Deputado, atual Deputado Provincial pela FIT, Dirigente Nacional do PTS.




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