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CONTRA O AUMENTO - SP | Travamento de trânsito na ZN: relato de uma secundarista

Dia 19 de janeiro de 2016 às 04h30 da madruga levanto ansiosa para um travamento que foi combinado, reunido e decidido por pessoas que assim como eu, não vão aceitar R$3,80 na tarifa de um ônibus e metrô.

quinta-feira 21 de janeiro de 2016 | 03:08

A novidade é que seria na zona norte, lugar aonde cresci e ainda moro, e que pessoas como eu que contam as moedas e junta com a amiga para dar o dinheiro da condução estão espalhadas por todo canto. Faixa pronta, todos no terminal Santana, secundaristas de outra escola e região para ajudar, e tentamos trancar a Rua Cruzeiro do Sul que da direto para o centro, recebemos buzinadas, ameaçadas de atropelamento, até um morador de rua se envolveu nos chamando de boys e dando um chute no nosso amigo. Então resolvemos elaborar algo mais tático, 10 minutos em um farol, passando de rua em rua, e depois de montar um jogral partimos para a segunda rua, resistindo a motorista jogando o ônibus para cima da gente, a motoristas xingando, o povo descendo do ônibus e tentando tirar a faixa, puxar sua amiga para o lado que o carro foi com tudo para cima dela, ainda sim fizemos jogral e cantamos, alguns mostraram apoio já outros nos chamaram de vagabundos (ainda acho que o pior foi ser chamado de boy).

Assim seguimos para outra rua e fizemos a mesma coisa, com menos discórdia da população e só algumas buzinas, a polícia apareceu para conversar e depois permitiu a continuação do nosso travamento com tempo contadinho. Mais um jogral, e era difícil escutar até a nossa voz com o tanto de buzina, mas não desistimos e falamos até terminar e seguimos tampando uma faixa da rua andando e cantando até chegar ao terminal e finalmente serem mais ouvidos no jogral pelas pessoas que estavam esperando o ônibus que logo levantaram os celulares, moradores de rua cantando as músicas com a gente, e motoristas e pessoas nos olhando não com discriminação, e descemos no mesmo ritmo para o metrô que ali estava as pessoas atingidas por esse aumento, alguns nem olham para o lado, outros com pressa demais, alguns pararam, uma senhora se aproximou de mim batendo palma e dizendo que tínhamos que continuar lutando e sim senhora vamos continuar lutando, e quando falo vamos incluo todos que estavam comigo nesse travamento, todos que vão para os atos, que andam de ônibus, apertados, somos abusadas, ficamos em filas enormes esperando um ônibus por ser a única opção, ônibus em mal estado em circulação, e vários outros problemas, e que se existe aquele que grita que somos vagabundos por exigir o mínimo, que buzina porque acha que devemos manifestar por algo mais "sério", acha que estamos brincando? A humilhação acontece todo dia, e R$3,80 faz diferença no meu bolso e de milhares de pessoas, então vamos começar pelos trinta centavos e depois com a ajuda do pessoal que fica sentado reclamando, podemos chegar a Brasília.




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