A SuperTerça nos Estados Unidos estabeleceu dois grandes ganhadores nos meios de comunicação: Clinton do lado democrata e Trump do republicano. Tudo o que há para saber sobre a corrida até a Casa Branca.
Juan Andrés GallardoBuenos Aires | @juanagallardo1
Celeste MurilloArgentina | @rompe_teclas
terça-feira 8 de março de 2016 | 02:43
Nessas eleições primárias, o fenômeno político mais dinâmico é a "revolta" dos votantes contra o establishment de ambos os partidos.
Tanto em Iowa como em New Hampshire, as duas primeiras eleições confirmaram a irrupção dos "outsiders". Bernie Sanders no Partido Democrata e Donald Trump no Republicano se converteram na verdadeira supresa da longa corrida até a Casa Branca.
O dia após a SuperTerça
A SuperTerça funciona como um dia decisivo nas eleições primárias. Em ambos os partidos, começa a traçar-se a linha que divide ganhadores e perdedores. Por sua vez, começam a instalar-se dois temas que serão debatidos nas eleições gerais. Isso não quer dizer, entretanto, que tenham sido resolvidas as crises que atravessam ambos os partidos.
O que fazer com Trump
A SuperTerça confirmou a liderança do multimilionário Donald Trump, que inclusive antes da eleição simultânea nos 12 estados vinha da conquista de várias vitórias consecutivas. Apesar de uma grande campanha anti-Trump e a tentativa frustrada de promover candidatos mais afinados com o establishment republicano, alguns setores começam a ter ideia de sua potencial nomeação. Isso não quer dizer, claramente, que o partido não tentará medidas para chegar o melhor possível às gerais.
Talvez Trump seja uma das maiores expressões da crise do Partido Republicano. Contudo, no momento, tudo indica que o partido apoiará quem se impuser nas primárias. No último debate, os três candidatos restantes (Rubio, Cruz e Kasich) lançaram ataques diretos a Trump, mas diante da pergunta de se apoiaram o nomeado nas eleições gerais todos afirmaram que sim.
O limitado encanto de Hillary
Todos os meios de comunicação concordam que Hillary Clinton é a provável nomeada no Partido Democrata. A SuperTerça trouxe a esperada diferença folgada, com uma vantagem considerável entre a comunidade afroamericana que lhe permitiu vitórias importantes em estados como Alabama, Geórgia ou Virgínia.
Os resultados da SuperTerça, contudo, não conseguiram dissipar as nuvens de descontentamento e dúvida que todavia rodeiam a campanha de Hllary Clinton. Uma enquete mostrou que a juventude segue sendo esquiva a ela: apenas 4 a cada 10 votantes menores de 30 anos votaram pela ex-secretária de Estado.
E o que é pior para Clinton, seu calcanhar de Aquiles, é o que alimenta a campanha de Bernie Sanders que segue na corrida. O senador por Vermont, adotado pela juventude como seu candidato, está abaixo na contagem de delegados em uma relação de 70-30, mas essa diferença não condiz com os 40% de apoio que recebeu até agora de filiados e votantes registrados. A proeminência de Clinton, graças ao mecanismo dos chamados "super delegados", não só não resolveu, mas apenas aprofundou a desconfiança dos votantes que a veem como parte do establishment.
Nos próximos dez dias, esperam-se eleições em estados menores, porém alguns com muito peso, como Flórida, Illinois, Ohio, Michigan e Carolina do Norte, todos com mais de 100 delegados eleitorais. Essas votações poderiam consolidar as tendências dentro de cada partido, sem descartar novas surpresas na corrida presidencial.