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Genocídio em Gaza | Israel mata sete trabalhadores humanitários de diferentes nacionalidades do World Central Kitchen

O ataque ocorreu na segunda-feira (01). Eram trabalhadores da ONG World Central Kitchen que se dedica a fornecer alimentos. O repúdio internacional está crescendo: Reino Unido, Polônia e Austrália pedem explicações a Israel sobre como matou seus cidadãos.

quarta-feira 3 de abril | Edição do dia

Um ataque das Forças Armadas de Israel assassinou sete trabalhadores humanitários em Gaza nesta segunda-feira. Eles faziam parte da ONG World Central Kitchen, que se dedica à entrega de alimentos em áreas de guerra. Foram atacados mesmo após coordenarem seus movimentos com o próprio Exército Israelense.

A World Central Kitchen é uma organização humanitária que lidera os esforços para aliviar a fome que está assolando Gaza. A ONG confirmou os assassinatos, o que provocou caos nos esforços de ajuda humanitária no território palestino, quando a organização disse que suspenderia as operações.

Os trabalhadores viajavam em dois veículos blindados e um não blindado, identificados com a logotipo da organização, segundo um comunicado divulgado na manhã de terça-feira. A World Central Kitchen (WCK) fez uma postagem em suas redes sociais onde publicou os nomes e nacionalidades das 7 vítimas.

A ONG declarou: "Apesar de coordenar os movimentos com o exército israelense, o comboio foi atingido ao sair do depósito de Deir al-Balah, onde a equipe descarregou mais de 100 toneladas de ajuda alimentar humanitária levada a Gaza pela rota marítima."

Erin Gore, diretora executiva da WCK, disse: "Isso não é apenas um ataque contra a WCK, é um ataque às organizações humanitárias que operam nas situações mais terríveis, onde os alimentos são usados como arma de guerra. Isso é imperdoável."

A ONG suspenderá suas operações na região e afirma que tomará uma decisão sobre o futuro de seu trabalho. Isso levanta temores de que um corredor marítimo incipiente desde o Chipre para fornecer a ajuda que Gaza desesperadamente necessita possa entrar em colapso devido às repetidas obstruções israelenses.

Chipre disse na tarde de terça-feira que os navios que recentemente chegaram a Gaza estavam retornando com 240 toneladas de ajuda não entregue.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lamentou cinicamente as mortes, dizendo que foram causadas por um ataque aéreo israelense. Ele descreveu o incidente como trágico e involuntário.
"Isto acontece em tempos de guerra. Estamos investigando profundamente, estamos em contato com os governos [dos estrangeiros entre as vítimas] e faremos todo o possível para garantir que não aconteça novamente", disse em uma declaração em vídeo. Enquanto isso, o exército israelense não assumiu a responsabilidade e acrescentou que uma investigação estava em andamento

No entanto, umainvestigação da rede de notícias Al Jazeera concluiu que o ataque do exército israelense foi deliberado. A agência de investigação Sanad, pertencente à rede árabe, conduziu o relatório com base em informações públicas, declarações de testemunhas, imagens e vídeos. Com isso, realizou uma reconstrução dos eventos e uma linha do tempo.

O jornal britânico The Guardian assegura que as vítimas entre os trabalhadores humanitários ultrapassam os 200. Isso não são erros, mas sim parte do plano de exterminação que o governo de Netanyahu está realizando no território palestino, além do uso da fome como arma de guerra, conforme um relatório da ONU há duas semanas, que alertou sobre a iminência de uma fome.
Os esforços das agências de ajuda para fornecer assistência humanitária onde mais é necessária têm sido gravemente prejudicados por uma combinação de obstáculos logísticos, ruptura da ordem pública e uma longa burocracia imposta por Israel. O número de caminhões de ajuda que entraram no território por terra nos últimos cinco meses tem sido muito inferior aos 500 diários que entravam antes da guerra

No mês passado, mais de 100 pessoas morreram quando as forças israelenses abriram fogo contra um ponto de distribuição de ajuda na cidade de Gaza. O exército israelense disse que a maioria morreu esmagada, mas autoridades e testemunhas palestinas negaram e afirmaram que a maioria dos levados ao hospital tinha ferimentos de bala.

A ONU afirmou que pelo menos 576.000 pessoas no território costeiro - um quarto da população - estão à beira da fome, aumentando a pressão sobre Israel para que se possa aumentar o fluxo de ajuda

Os navios de ajuda que chegaram na segunda-feira levavam 400 toneladas de alimentos e suprimentos (suficientes para 1 milhão de refeições) em um envio financiado pelos Emirados Árabes Unidos e organizado pelo WCK, mas apenas haviam descarregado 100 toneladas antes que o ataque aéreo obrigasse a organização de caridade a ordenar que os navios se retirassem para Chipre.

No mês passado, outro navio da WCK entregou 200 toneladas de ajuda em um teste piloto facilitado por voluntários da WCK e outras pessoas em Gaza, que construíram um cais a partir dos escombros dos edifícios destruídos pelos bombardeios israelenses nos últimos cinco meses. O exército israelense participou da coordenação de ambas as entregas

Washington, o aliado mais importante de Israel, promoveu esta rota marítima como uma nova forma de levar a ajuda desesperadamente necessária ao norte de Gaza, que está amplamente isolado do restante do território pelas forças israelenses.

Os crimes de Israel se multiplicam, tendo já proibiu a UNRWA, a principal agência da ONU em Gaza, de realizar entregas no norte após alegar que vários de seus funcionários estavam envolvidos no ataque do Hamas que desencadeou a guerra. Outros grupos de ajuda afirmam que enviar comboios de caminhões para o norte tem sido muito perigoso, pois os militares não conseguiram garantir uma passagem segura.

Jeremy Konyndyk, presidente da agência independente Refugees International, denunciou o ataque como um "claro crime de guerra" e afirmou que faz "parte de um padrão claro" nas hostilidades.

Mais de 32.000 palestinos morreram na ofensiva de Israel após o ataque do Hamas do 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde em Gaza. A situação se recrudesce na região enquanto os Estados Unidos, a Alemanha e o Reino Unido, por mais que se mostrem afligidos, continuam dando apoio aos crimes de Israel em Gaza

Texto traduzido de La Izquierda Diario

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