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Contra o governo ultradireitista | Mobilizações em todo o mundo estão sendo preparadas em apoio à Greve Geral na Argentina

Em dezenas de cidades na Europa, América Latina e nos Estados Unidos, foram convocadas diversas ações em frente a consulados e embaixadas da Argentina em repúdio ao Decreto de Necessidade e Urgência e à Lei Ômnibus do governo ultradireitista de Javier Milei. Essas medidas representam uma contrarreforma histórica que elimina todos os direitos conquistados pelos trabalhadores, favorecendo interesses pró-patronais e subservientes às multinacionais norte-americanas e europeias, bem como ao FMI. Trata-se de um ataque que se intensifica em uma situação já crítica, herança direta do governo peronista anterior de Alberto Fernández e seu ministro da Economia, Sergio Massa.

sábado 20 de janeiro | Edição do dia

Texto originalmente escrito em espanhol por Gloria Grinberg para o La Izquierda Diario Argentina

Nessas convocações, serão denunciadas as medidas repressivas, típicas de uma ditadura, que o novo governo tenta impor "para evitar o protesto social e a organização operária e popular". Eles apontam diferentes proibições e protocolos anti-manifestação, como o da ministra da Segurança, Patricia Bullrich, que está perseguindo líderes e organizações sociais.

A poucos dias de assumir a presidência, o ultradireitista Milei iniciou um brutal ataque aos salários e aos direitos de milhões de famílias trabalhadoras argentinas.

Com pouco mais de um mês de governo, o custo de vida para milhões de famílias operárias e populares aumentou abruptamente, depois de anos de mergulho na pobreza devido às administrações governamentais subservientes ao Fundo Monetário Internacional e às multinacionais. Hoje, eles veem seus salários e aposentadorias diminuírem ainda mais.

Com o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), o presidente argentino utiliza a faculdade do Poder Executivo para impor medidas que constituem um verdadeiro plano de guerra, pretendendo alterar imediatamente, sem quase debate parlamentar, mais de 400 leis no total, que implicam direitos elementares dos trabalhadores (horas extras, indenizações, direito de greve) e do povo em geral (retirada total de subsídios, aumento de tarifas, anulação de controles de preços, privatizações de mais de 40 empresas estatais, autorização para o extrativismo e a estrangeirização de terras, liberação de alugueis, etc.). O DNU inclui o desmantelamento das normas ambientais e a entrega da soberania sobre os recursos naturais e a terra do país ao capital internacional.

O decreto também visa desmantelar os serviços públicos e a proteção social, com a demissão em massa de milhares de trabalhadores de órgãos estatais. Ao mesmo tempo, eles querem impor a chamada "Lei Ômnibus" para que o Congresso vote a "delegação de poderes" por pelo menos 2 anos para governar como ditadores, entre outras medidas reacionárias.

Essas medidas rompem com a separação de poderes e violam a Constituição argentina. Um dos primeiros anúncios do governo foi um protocolo destinado a criminalizar o protesto social, permitindo o uso indiscriminado da repressão estatal contra todas as formas de luta; eles pretendem impor essas medidas estabelecendo um estado policial para impedir os protestos.

Europa

Estado Espanhol

Em Barcelona, a esquerda sindical e política catalã, juntamente com a comunidade argentina, convoca a solidariedade com duas concentrações no mesmo dia. Sindicatos como a Intersindical Alternativa de Catalunya, grupos da comunidade argentina como a Marea Verde de Catalunya ou o Casal Argentino de Barcelona, e grupos políticos como a CUP, a Corriente Revolucionaria de Trabajadores y Trabajadoras - que faz parte da mesma corrente internacional que o PTS argentino -, e Lucha Internacionalista, convocam uma concentração em apoio à luta contra o ataque histórico de Milei e sua abordagem autoritária. À tarde, na praça Sant Jaume, eles se concentrarão novamente em uma ação convocada por outros grupos da comunidade argentina na Catalunha, como HIJOS ou a plataforma ARG migrantes.

Em seu apelo, eles destacam como o nível de ataque obrigou a central sindical CGT a romper com sua passividade e expressam apoio à exigência da esquerda e dos setores combativos da Argentina de que o 24 de janeiro seja o primeiro passo de um plano de luta nacional para derrotar os planos do governo. Eles saúdam esse importante dia de mobilização como "a primeira grande batalha contra o brutal plano de Milei, que é uma espécie de laboratório da extrema direita continental e internacional para aplicar receitas brutais de ajuste sobre as maiorias sociais", razão pela qual consideram fundamental a solidariedade internacionalista.

Em Madrid, a concentração ocorrerá às 19 horas em frente ao Ministério das Relações Exteriores (Plaza de la Provincia), convocada por organismos de direitos humanos, sindicatos, organizações feministas e argentinos residentes no exterior, juntamente com organizações de esquerda.

Em um comunicado, os convocantes afirmam que, desde que assumiu a presidência do governo argentino, Milei "lançou um verdadeiro choque de ajuste: desvalorização, liberalização de preços, milhares de demissões no Estado e aumentos drásticos nas tarifas de serviços públicos, os quais ele pretende privatizar. Atualmente, a inflação atinge 35% e a pobreza 60%."

Entre as consignas da concentração estão: "Abaixo o ataque de Milei, da patronal e do FMI" e "Plano de luta, assembleias e greve geral para derrotá-los."

Entre as organizações convocantes estão Corriente Revolucionaria de Trabajadores (CRT), Casapueblos, Solidaridad Obrera, Co.Bas, Alternativa Sindical de Clase, Contracorriente, Pan y Rosas, Corriente Roja, Feministas contra Milei, Ateneo Republicano de Vallekas.

Na França, a Intersindical francesa, que inclui, entre outros, a CGT, a CFDT, a FO e a Solidaires, se mobilizarão na embaixada argentina em Paris, em solidariedade à resistência dos trabalhadores e do povo argentino contra o ajuste de Milei e em apoio à greve nacional que ocorrerá em 24 de janeiro.

As organizações sindicais convocam uma concentração na quarta-feira, 24 de janeiro, às 18 horas, em frente à embaixada argentina.

Em seu comunicado, pode-se ler: "Expressamos nossa plena solidariedade com os trabalhadores e trabalhadoras da Argentina, e em particular com as confederações sindicais CGT-RA, CTA-T e CTA-A. Apoiamos incondicionalmente o processo de luta que eles iniciaram para enfrentar as políticas letais de Milei e seu governo."

Na Bélgica, é a Federação Geral do Trabalho desse país que convoca a mobilização em solidariedade aos trabalhadores argentinos na Place de la Monnaie, às 17h30.

Na Alemanha, ocorrerão ações em Berlim, onde organizações sociais, sindicais e políticas convocam para o dia 24 de janeiro às 15h, para expressar solidariedade com a greve na Argentina. Eles convidam a trazer uma panela, frigideira e concha para "ecoar os panelaços na Argentina e apoiar a Greve Geral contra as medidas impopulares de Milei. Enfrentamos a direita com organização e mobilização".

Na Italia, estão sendo planejadas ações em Roma, às 17h30, na Piazza dell’Esquilino, em frente à embaixada argentina. A Unione Italiana del Lavoro expressou em um comunicado que "a criminalização da atividade sindical" é "um ataque às bases fundamentais de qualquer Estado democrático". Esta ação é impulsionada por várias organizações sociais e políticas, incluindo a FIR-Voce delle Lotte e outras agrupações da esquerda sindical e política.

América Latina

No Chile, diversas organizações aderiram à convocação de uma concentração em solidariedade ao povo argentino. Elas apoiam a convocação para o dia 24 de janeiro no Consulado Argentino. Para isso, estão convocando um dia de mobilização com diferentes expressões de solidariedade que culminarão em um comício político-cultural às 19 horas do lado de fora do Consulado da Argentina, localizado em Vicuña Mackenna #41. Entre os convocantes estão Unidad Sindical, Movimiento Socialista de las y los Trabajadores MST (UIT-CI), Movimiento Internacional de Trabajadores MIT LIT-CI, Partido Trabajadores Revolucionarios PTR, etc.

Além disso, o sindicato da multinacional Starbucks também é um dos convocantes do evento político-cultural, destacando que expressarão seu apoio internacionalista à greve que centenas de milhares de trabalhadoras e trabalhadores argentinos realizarão nesse dia. Eles também o fazem em consonância com o chamado para a convocação da Ação Global Feminista em solidariedade ao povo argentino.

No Uruguay, a central sindical do país, o PIT-CNT, publicou um comunicado em solidariedade ao povo e aos trabalhadores argentinos diante do ajuste do governo de Milei e em apoio à greve nacional de 24 de janeiro.

No comunicado, eles afirmam: "Apoiamos e acompanhamos a medida tomada pelas centrais sindicais argentinas, de uma grande mobilização nacional em 24 de janeiro contra o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) e o projeto de lei apresentado no Congresso." Declararam ainda: "Nossa solidariedade ao movimento sindical e ao povo irmão da Argentina, diante do ataque de um governo reacionário e negacionista dos direitos das pessoas. Saúdamos a grande greve nacional em 24 de janeiro, pois é necessário frear todo o avassalamento dos direitos."

No México, várias organizações se mobilizarão na Cidade do México "em solidariedade ao povo argentino, diante do ataque de Javier Milei aos trabalhadores e em apoio à greve geral". A ação ocorrerá em frente à Embaixada da Argentina no México, em Paseo de las Palmas 1685, Lomas de Chapultepec, às 15h.

No Brasil, estão sendo convocadas ações em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A Central sindical CUT, juntamente com várias organizações sociais e políticas, incluindo CSP-Conlutas, convocam uma ação em apoio à greve nacional na Argentina em 24 de janeiro contra os ataques de Milei.

En São Paulo, o protesto conta com o apoio das centrais sindicais CSP-Conlutas, CUT, CTB, PSTU, MES/PSOL; o Movimento Revolucionário de Trabalhadores – MRT (que impulsiona o Esquerda Diario como parte da Rede Internacional da La Izquierda Diario), Juntos!, PCB-RR, UJS, Resistência/PSOL; UNE, UEE, SINTUSP, Comitê Contra a Privatização da CPTM, Apeoesp Santo André, entre outros sindicatos e organizações.

Na Venezuela, diversas organizações de esquerda e ativistas convocam para este 24 de janeiro um piquete em solidariedade com a classe trabalhadora e o povo argentino em sua luta contra o ataque histórico de Milei e sua abordagem autoritária. A concentração será às 10 horas da manhã em frente à embaixada da Argentina em Caracas.

Entre os convocantes estão agrupamentos do Espacio Encuentro por los Derechos del Pueblo e outras organizações políticas de esquerda, assim como ativistas. Entre eles, o Partido Comunista de Venezuela (PCV), Partido Socialismo y Libertad (PSL), Marea Socialista (MS), a organização PPT-APR, Lucha de Clases, a Liga de Trabajadores por el Socialismo (LTS), entre outras organizações sindicais, políticas e ativistas.

Na Bolivia, será realizada uma ação unitária na cidade de La Paz, resultado de um acordo entre diferentes organizações. Eles se reunirão às 11:00 da manhã na Plaza del Bicentenario para depois marchar até o consulado argentino.

Esperam-se mobilizações em outros departamentos da Bolívia, como Tarija, Sucre, Cochabamba e Santa Cruz. Marcharão sob as consignas: "Desde Bolivia, contra las derechas en la región: ¡A Milei lo frenamos todes, desde todas las latitudes!" – "Abajo el DNU y la Ley Ómnibus!"

América do Norte

Nos Estados Unidos, será realizada uma mobilização em Nova York, em frente ao consulado argentino, promovida por organizações sociais e políticas como a revista socialista Tempest, Workers Voice, Left Voice que integra a Red Internacional La Izquierda Diario, Healthcare Workers for Palestine, Cuny4Palestine - organização pela libertação da Palestina -, El Hormiguero, o grupo feminista "asamblea feminista chilena" e a organização pró-palestina "Within Our Lifetime".

Em Canadá, os sindicatos dos trabalhadores marítimos e do aço emitiram um comunicado expressando apoio à greve e à mobilização de 24 de janeiro na Argentina.

Na Argentina, espera-se que essa greve tenha uma grande adesão, e por esse motivo estão sendo organizadas mobilizações, bloqueios e panelaços em todas as cidades do país. Essas ações são convocadas por sindicatos, organizações sociais, grupos comunitários e assembleias de moradores que começaram a se reunir com a chegada do atual presidente e as medidas econômicas brutais que já levaram os níveis de pobreza a atingirem 60% e o desemprego a crescer todos os dias.




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