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CORRUPÇÃO | Novas denúncias contra Cunha: fortuna nos EUA e propina de R$ 1 milhão para contratos com a Petrobrás

Agravam-se as denúncias contra Cunha (PMDB/RJ) com propina em ano eleitoral em troca de privilégios – viagens em jatinhos, fortunas nos EUA e carros de luxo. Porém por trás destas novas denúncias não se pode esconder que Lula e os demais políticos da burguesia junto aos empresários querem manter o pacto pelo ajuste fiscal contra os trabalhadores.

sábado 17 de outubro de 2015 | 01:52

Nesta sexta-feira, o lobista e operador de propinas Julio Gerin Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou à Procuradoria-Geral da República que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu R$ 300 mil em ’horas de voo’ como parte de uma propina de R$ 1 milhão, em 2014 referente a contratos de construção de navios-sonda da Petrobras. Camargo entregou à PGR três notas fiscais relativas ao aluguel de dois jatinhos que teriam sido usados pelo deputado ou por pessoas por ele indicadas.

Em sua delação premiada, Julio Camargo disse que R$ 300 mil seriam destinados ao fretamento dos jatinhos para uso do deputado. Eduardo Cunha já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro. O presidente da Câmara defende enfaticamente o modelo de doação de empresas a campanhas políticas. Propinas em ano eleitoral

Fortuna de Cunha nos EUA

No pedido enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que resultou em uma nova abertura de inquérito para investigar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Procuradoria-Geral da República destacou que o peemedebista já tinha contas no exterior desde os anos 90, com patrimônio não declarado de R$ 60,8 milhões, e também possuía uma frota de oito carros de luxo. Segundo o documento, Cunha mantinha conta junto ao banco Merril Lynch, nos Estados Unidos, há mais de 20 anos e pela avaliação de risco possuía um "perfil agressivo e com interesse em crescimento patrimonial". Sua fortuna seria oriunda de aplicações no mercado financeiro local e de investimento no mercado imobiliário carioca. Há também referências à sua antiga função de Presidente da Telerj.

Seu patrimônio estimado, à época da abertura da conta, era de aproximadamente R$ 60,8 milhões. A PGR afirma que o valor "contradiz frontalmente" suas declarações perante a Justiça Eleitoral. Há também uma frota de oito veículos de luxo em nome de Claudia, da C3 Participações e de outra empresa da família, a Jesus.com. De acordo com a PGR, os carros valem juntos R$ 940,5 mil.

Na última quinta-feira, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de novo inquérito contra Cunha e a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu hoje novo bloqueio de duas contas bancárias mantidas na Suíça atribuídas ao presidente da Câmara.

Por trás das denúncias e do jogo político: a burguesia busca estabilidade no regime para manter e aprofundar o ajuste fiscal

Novas denúncias contra Cunha, agora envolvendo mais um país imperialista e um grande banco internacional dos EUA, evidenciam o envolvimento profundo de Cunha em corrupção há mais de uma década, a própria burguesia internacional da Suíça e EUA já deixa um recado indireto de que Eduardo Cunha pode não servir para o manter pacto nacional pelo ajuste fiscal (por representar o símbolo da instabilidade política no país) ainda mais duro contra os trabalhadores tal qual vem sendo cobrado pelos bancos internacionais, o FMI.
Em meio as movimentações da política burguesa, com vários tipos de negociação, manifesto, as figuras políticas da burguesia, dentre elas, Cunha, Lula, Temer e Dilma, para passarem o ajuste fiscal contra os trabalhadores e ao gosto dos interesses dos lucros dos patrões e dos bancos internacionais. Cunha, como mostram as denúncias de corrupção, lavagem e desvio de dinheiro público, também negociou privilégios como viagens em jatinhos e fez fortunas na Suíça, intermediando os negócios de empresários do ramo do petróleo com a Petrobrás.

E em meio à crise política, está no centro de negociatas, boatos e movimentações dos políticos da burguesia contra e a favor da abertura de processo de impeachment contra Dilma. Como já apontamos em outros artigos, as denúncias contra Cunha podem enfraquecer o andamento do processo de impeachment de Dilma, e ainda, Cunha é alvo de pressão, do PSDB e do PSOL, pela renúncia e cassação de mandado, respectivamente e por outro lado, do PT, para que não pautar o impeachment no Congresso. Assim, há também uma falsa "polarização" (pois PT e oposição de direita estão unificados na pauta pelo ajuste fiscal) entre “livrar a pele” de Cunha com ele tocando o impeachment, ou o avesso, “livrar sua pele” prometendo não pautar o impeachment.

Porém, para além destas movimentações políticas (que envolvem ainda alianças entre PT e PMDB e a localização da oposição burguesa, todos visando uma disputa para ver quem fica com o poder político e com as eleições de 2018), vale destacar o que representa a figura de Cunha, um político da burguesia reacionário, que aponta ao que há de mais nefasto contra os direitos democráticos das mulheres e dos homossexuais no Congresso, é com estas alas reacionárias que o PT e a oposição burguesa se apoiam para fazer seus acordos.

O que é preciso ficar claro é que os escândalos de corrupção, as negociatas e boatos entre os políticos da burguesia, não podem esconder o verdadeiro pacto de classe entre empresários e políticos dos partidos burgueses, o que de fato une a todos os políticos dos ricos, com Lula e o PT à frente, em defesa de aprofundarem o ajuste fiscal, com mais demissões, arrocho salarial, aumento nos preços e tarifaços, rebaixando o nível de vida dos trabalhadores e precarizando o trabalho para salvar os lucros e a “competitividade” dos capitalistas. Isto tudo, em meio a um falso discurso “pró-povo” ensaiado por Lula e Dilma nesta última semana numa tentativa de retomada de apoio popular ao governo. Porém Lula, não engana, pois é o principal articulador político para segurar o governo Dilma em nome do pacto e da estabilidade pelo ajuste ao gosto do FMI, dos bancos e empresários, como ficou claro em sua articulação política pela reforma ministerial em que culminou em maiores poderes para o PMDB de Cunha e Kátia Abreu, assim, Lula governa com Dilma e o PT ( com o apoio da burocracia sindical) e apresentam o seu caminho para o ajuste contra os trabalhadores como desenvolvemos aqui .

´É preciso construir uma alternativa política dos trabalhadores contra o governo e a oposição de direita, e para isto, é necessário descascar Lula, Dilma e o PT como verdadeiros agentes do ajuste que governam pelos interesses dos lucros dos capitalistas, passando por cima dos direitos e dos empregos dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre. Essa alternativa será construída com a unificação das lutas em cada local de trabalho e estudo, porém somente no combate as burocracias sindicais que estão com o governo e os empresários para defender o ajuste, na forma do PPE, demissões e inflação.

Foto : Alex Ferreira/Câmara dos Deputados.




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