Neste domingo, entre 2.000 e 3.000 pessoas se reuniram em Paris contra a ideologia de extrema-direita uma semana antes das eleições presidenciais. RP, organização que impulsiona a seção francesa da rede Esquerda Diário, esteve presente contra a extrema-direita e contra Macron.
terça-feira 5 de abril de 2022 | Edição do dia
Créditos da foto: Revolução Permanente
Neste domingo, 3 de abril, a uma semana das eleições presidenciais, entre 2.000 e 3.000 pessoas se manifestaram para exigir “Nem mais um pio” da extrema-direita. Esta manifestação, convocada por organizações políticas e sindicais (NPA, Jeune Garde, CGT- , Solidaires etc.) que se reuniram uma última vez na rua antes do primeiro turno para denunciar “os discursos de ódio, racistas, islamofóbicos, antissemitas, sexistas e lgbtfobicos, particularmente encarnados por Zemmour e Le Pen”.
Essa manifestação foi marcada por uma homenagem às vítimas da extrema-direita assassina, esquecidas pela grande mídia e pela boca dos políticos profissionais.
"Extrême-droite assassin, Macron complice !" scandent les manifestants en hommage à Aramburu, tué par l'extrême-droite le 19 mars dernier. pic.twitter.com/zKIdGkeGUK
— Révolution Permanente (@RevPermanente) April 3, 2022
Vários militantes de movimentos sociais estiveram presentes nesta manifestação, como Anthioumane, do coletivo de imigrantes sem documentos que denunciam o papel da extrema-direita e da grande mídia "que não tem outros projetos além do racismo e da islamofobia".
O Revolução Permanente, organização trotskista francesa que impulsiona a rede Esquerda Diário nesse país, esteve presente na manifestação carregando a faixa “Para dar uma bofetada na extrema-direita, Macron e no Racismo de Estado: Resposta Operária e Popular”. Presente na caminhada, Anasse Kazib declarou: “Foi importante estar lá porque temos que sair às ruas para protestar e lutar contra a extrema-direita. A realidade é que não é uma cédula na urna que vai impedir a extrema-direita. Essas pessoas não vão desaparecer depois das eleições. A melhor resposta é ir pra rua. Precisamos de um bloco de resistência, essa manifestação é um primeiro passo”.
À frente do cortejo, Irène, militante do Révolution Permanente e da juventude Poing Levé [Punho Erguido] P8, insistiu: "Se estamos aqui hoje, foi para reafirmar a nossa oposição ao governo que desde o início do mandato tem aberto caminho para a extrema-direita, dá lugar a atos como o assassinato do jogador de rugby Arumburu com a aprovação da Lei do Separatismo, que discrimina ainda mais os muçulmanos ou assimilados, com a Lei de Segurança Global que reforça a impunidade policial ou mesmo a dissolução de organizações políticas como o grupo antifascista de Lyon, o CCIF ou o coletivo Palestina Vencerá”.
« À une semaine du premier tour on voulait réaffirmer « Ni Macron, ni Le Pen » et rappeler qu’on sera toujours là pour combattre l’extrême-droite et le gouvernement, @polystirene_, militante à @RevPermanente et à @poing_8 pic.twitter.com/IPSWNaMtYy
— Révolution Permanente (@RevPermanente) April 3, 2022
A mobilização contra o clima reacionário da atual eleição deve continuar sendo uma das prioridades. Após as eleições e qualquer que seja o seu resultado, a extrema-direita terá se beneficiado da visibilidade dos seus discursos inéditos durante a atual V República. A luta nas ruas para se unir contra as políticas neoliberais e de repressão que abrem caminho para a extrema-direita e os setores mais reacionários deve ser uma prioridade para os militantes anticapitalistas.
Aqui no Brasil, derrotar a extrema-direita bolsonarista e os ataques contra a classe trabalhadora e o povo pobre que vêm aprofundando a degradação das condições de vida no país desde o golpe institucional de 2016 deveria ser uma tarefa central da esquerda. Porém, a burocracia petista nos sindicatos e movimentos sociais busca canalizar as energias e o descontentamento da classe trabalhadora para as vias institucionais e as eleições, arrastando em sua falta de independência de classe boa parte da esquerda, como o PSOL em sua diluição na campanha Lula-Alckmin e recente federação com a Rede.
Contra a extrema-direita de Bolsonaro e dos militares, e pela revogação das reformas como a da previdência e a trabalhista, bem como do teto de gastos e privatizações que arrasam com nossas vidas, não é possível confiar em um Lula que governará ao lado do neoliberal Geraldo Alckmin e do agronegócio, das mesmas atuais forças armadas saudosas da ditadura, das bancadas reacionárias e do bonapartismo anti-operário do poder judiciário.
Editorial MRT | Unificar as lutas em curso para derrotar os ataques de Bolsonaro sem ilusão nas eleições
É preciso levantar unidade na luta de classes, apoiando processos de luta da nossa classe como a greve de professores em MG e a greve dos garis do Rio de Janeiro. Uma esquerda que batalhasse pela unificação de cada processo de luta em curso contra os ataques dos capitalistas e seus governos, contra as manobras antidemocráticas das burocracias, pela reversão das reformas e privatizações, por uma Petrobrás 100% estatal sob gestão dos trabalhadores e por medidas imediatas contra a inflação como um auxílio de um salário mínimo para todos os desempregados/subempregados e o reajuste automático de salários e aposentadorias, poderia construir uma imparável e necessária força na luta de classes, para além das eleições de outubro, para impor com que sejam os capitalistas que paguem pela crise.