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Crônica | E se a Palestina fosse livre, operária e socialista?

A crueldade do massacre ao povo palestino por Israel e apoiado pelos Estados Unidos faz refletir sobre o racismo e o colonialismo desse Estado reacionário. Essa crônica é sobre esse debate.

Renato ShakurEstudante de ciências sociais da UFPE e doutorando em história da UFF

sexta-feira 20 de outubro de 2023 | 16:35

Imagem de um menino palestino lutando contra Israel em 2017

O bloqueio de comida, água e eletricidade, os bombardeios numa faixa de terra bloqueada em sua única saída para o Egito com mais de 27 hospitais e 167 escolas destruídos, onde a cada 12 minutos uma criança palestina é assassinada, as mais de 1500 crianças assassinadas em 13 dias, revelam que o racismo e o colonialismo ganharam uma triste página na história mundial escrita com o sangue do povo palestino.

O ódio racista do ministro da defesa israelense chamando os palestino de “animais”, não deixa muito a desejar o que um Gobineau pensou sobre os negros, com a diferença que o apoio militar e político do imperialismo norte americano à Israel ao longo dos anos dá o impulso reacionário para tentar exterminar o povo palestino, algo que esses “pseudocientistas” nunca tiveram.

Mas e se a Palestina fosse livre, operária e socialista? O que seria desse povo que luta bravamente por seu território numa desproporção imensa de sua capacidade bélica em relação ao Estado de Israel?

Honestamente, não daria para mensurar as enormes vantagens de uma economia planificada e de um Estado operário que colocaria na ordem do dia a produção social coletiva para o avanço cultural de um país. Sobre este aspecto só poderia traçar algumas hipóteses econômicas.

Prefiro falar do grande exemplo que seria para história mundial de uma revolução socialista na Palestina. Certamente, a primeira coisa que essa revolução nos ensinaria seria o exemplo da unidade da luta entre o povo paletino, árabes e judedus impondo ao Estado sionista sua primeira derrota histórica. Seria um passo importante na luta contra o fundamentalismo religioso, um grande exemplo a todo mundo arábe.

Os exemplos dos portuários do Egito e trabalhadores da logística na Itália, ainda que moleculares, expressam essa tendência ou o primeiro suspiro de que a classe trabalhadora se erguerá contra o colonialismo israelense com seus métodos e unificada.

A segunda lição seria que a grande combatividade de um povo na luta por sua autodeterminação poderia desatar num processo revolucionário colocando de joelhos não apenas o Estado sionista de Israel, mas também o imperialismo norte-americano.

Isso teria um impacto na subjetividade mundial. Um grande fantasma que assombraria todo o Oriente Médio e suas burguesias reacionárias, varreria os elementos machistas e homofóbicos de grupos fundamentalistas religiosos. Colocaria medo no imperialismo francês e sua classe trabalhadora repleta de imigrantes árabes.

O impacto disso não teria limites, quando os povos africanos vissem que há uma saída para o racismo e colonialismo, enxergariam novamente a possibilidade de lutar juntos contra a espoliação imperialista em todo seu continente. As formações sociais africanas se combinariam com o melhor da tradição política que um Thibedi ajudou a construir na África do Sul, podendo conformar um ponto de apoio sem tamanho para a construção da União dos Estados Socialistas Africanos.

Os ares revolucionários iriam do Mar Mediterrâneo até o Oceano Atlântico, chegaria no país mais negro fora da África, o Brasil. Se o exemplo da Palestina operária e socialista será capaz de nos transformar em novos guerreiros e guerreiras na luta contra o capitalismo e racismo, em novos Zumbis dos Palmares, não saberia dizer. Mas uma coisa é certa, perderíamos o medo dos nossos opressores e a partir daí só nossa luta poderá nos dizer onde vamos chegar!

Para concluir, nossa 3ª e última lição que o internacionalismo revolucionário será testemunha. Uma Palestina livre, operária e socialista, mostrará a todos os trabalhadores a possibilidade de superar o colonialismo e o racismo, nos dará uma força moral para colocar abaixo o capitalismo e suas guerras.

Ela será sem sombra de dúvida, a nossa revolução do Haiti!




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