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Higienista | Hossri, vereador da extrema direita de Campinas, despeja seu reacionarismo mais uma vez com PL de internação compulsória

Na pauta da última sessão ordinária da câmara de vereadores de Campinas, em 29 de novembro, o vereador Nelson Hossri (PSD) encaminhou mais uma vez, seu projeto de lei higienista que prevê internação compulsória e repressão ao uso de drogas.

sexta-feira 1º de dezembro de 2023 | 21:10

O vereador, famoso por projetos reacionários como o chamado PL da Censura que buscava perseguir professores da rede municipal, por suas defesas negacionistas durante a pandemia, acusado de rachadinha no gabinete e mais uma lista de declarações e iniciativas esdrúxulas, já tentou aprovar esse mesmo projeto em 2019.

A intenção do vereador neste último dia 29 foi mais uma vez frustrada por falta de quórum, mas a direita da cidade segue querendo prejudicar ainda mais a vida de usuários de substâncias psicoativas e da população que vive nas ruas.

No projeto de Hossri, que de forma inacreditável é especialista em dependência química, o vereador que já foi do DEM e do PTN, defende que o município poderá pedir internação involuntária e compulsória, indo na contramão de todo o acúmulo de conhecimento e experiência dos trabalhadores da saúde, da assistência social e dos próprios usuários.

O projeto ainda prevê repressão ao uso das drogas, e "retomada" de espaços públicos, inclusive pela iniciativa privada, em locais que tenham no mínimo dois usuários. A política higienista se combina com uma política privatista e conta no projeto, com as forças de segurança.

As comunidades terapêuticas, na maioria esmagadora das vezes, ligadas a instituições religiosas, têm práticas que se distanciam enormemente da saúde pública, e não raro, cometem torturas, trabalhos forçados, e um longo etc de violações de direitos humanos.

A internação compulsória, as campanhas higienistas de limpeza urbana e o financiamento público de comunidades terapêuticas de teor religioso tem sido uma marca do conservadorismo brasileiro.

A prefeitura do Rio de Janeiro de Eduardo Paes, do mesmo partido de Hossri, está encaminhando uma proposta que tenta reviver a política desastrosa implementada por ele entre 2009 e 2012, que foi alvo de denúncias do próprio Ministério Público, de internação compulsória de usuários.

Em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes tem aplicado a internação compulsória desde de janeiro, se apoiando na lei 10.216/01 e no conservadorismo do judiciário paulista. O prefeito, junto ao governador bolsonarista Tarcísio (Republicanos), recorrentemente ameaça usar da internação compulsória contra a população da Praça Princesa Isabel, conhecida como Cracolândia.

Tradicionalmente, esse tipo de política tão defendida pela extrema-direita, está relacionada ao apoio material às comunidades terapêuticas de caráter religiosos. Estas são cada vez mais como dissemos, envolvidas em escândalos envolvendo maus tratos, tortura, assédios e exploração do trabalho contra usuários de psicoativos.

Hoje, é o governo Lula-Alckmin quem tem sinalizado à extrema-direita, através de políticas de financiamento destas comunidades, seguindo os passos de Bolsonaro neste quesito, na busca de agradar a bancada evangélica e os setores religiosos.

Essas instituições receberam pelo menos 104 milhões de reais somente no primeiro ano de governo Bolsonaro, e 105 milhões no ano seguinte. Já no governo Lula-Alckmin, em janeiro o presidente declarou o que iria criar o departamento de Apoio a Comunidades Terapêuticas, e em junho já havia destinado mais de 50 milhões às mesmas.

Essa política federal, levada à frente pelo Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, acaba por sustentar as políticas estaduais e municipais reacionárias que em nome de uma falsa "guerra às drogas" querem impor repressão, marginalização da população mais vulnerável e uma retomada da lógica manicomial.

Em Campinas, essa política tem sido uma bandeira histórica da extrema direita e é evidente que Hossri e outros vereadores conservadores buscarão se apoiar no fortalecimento nacional desse tipo de política para tentar avançar ainda mais em uma campanha higienista. Para ganhar a opinião pública, essas políticas se utilizam de uma campanha sensacionalista e estigmatizadora da população de rua dizendo que ela é fundamental para evitar que áreas da cidade se transformem em "Cracolândia".

O PL de Hossri, tem sido repudiado pelos trabalhadores da saúde pública e pelo movimento antimanicomial que trava uma luta histórica contra a política de internação compulsória.

A mobilização da juventude, dos trabalhadores da saúde, dos movimentos de luta antimanicomial e por moradia, pode barrar mais esse ataque da extrema direita na cidade. Para isso, reforçamos o chamado do movimento de luta antimanicomial para o ato na câmara dos vereadores neste dia 04/12, às 18 horas, quando o projeto voltará a ser colocado em pauta. Chamamos as organizações de esquerda da cidade, entidades estudantis e sindicais a se somarem nesta luta, batalhando pela descriminalização de todas as drogas, reforma urbana radical e por atendimento aos usuários que assim desejarem, através do SUS, controlado pelos trabalhadores da saúde e por toda população.




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