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SUPER-SALÁRIOS | Docentes do IFCH chamam debate sobre super-salários

Na manhã desta quarta-feira (02) os docentes do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (IFCH) realizaram um debate chamando estudantes e funcionários da universidade para discutirem sobre a questão dos super-salários.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

quinta-feira 3 de setembro de 2015 | 03:29

Na manhã desta quarta-feira (02) os docentes do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (IFCH) realizaram um debate chamando estudantes e funcionários da universidade para discutirem sobre a questão dos super-salários.

Conforme eram realizadas as suas falas, ficava cada vez mais claro o objetivo pelo qual os docentes do IFCH organizaram essa atividade. Com a grande mídia pautando a questão dos super-salários (ainda que ligada a uma política privatista do governo do estado), despertando na opinião pública o debate, assim como, ao serem questionados pelos funcionários da universidade, que fizeram greve reivindicando a sua pauta histórica de isonomia salarial, ao mesmo tempo em que se opondo à existência de super-salários - greve essa com grande peso dos funcionários do IFCH - os docentes tentavam se localizar dentro de um cenário no qual eles são os únicos a se aliarem com o alto escalão de funcionários na defesa dos super-salários. O objetivo era de conquistar setores estudantis e de trabalhadores para fortalecer a sua campanha pelo aumento do teto salarial dos servidores públicos paulistas de 21,6 mil para algo entorno de 33 mil reais, equiparando com o teto da maioria dos outros estados.

Isso ficou evidente em função do conteúdo com o qual os docentes colocavam a discussão, reduzindo a questão dos super-salários a uma questão de carreira através do argumento de que o corte dos salários acima do teto feriria a carreira docente “construída com muito suor e anos de trabalho acadêmico” e que, portanto, dever-se-ia subir o teto para um teto “justo” (sic), procurando desviar as críticas aos “mega-salários”, àqueles acima do teto de 33 mil. Os docentes tentaram acusar os críticos aos super-salários de serem, assim, “contra a carreira docente” e de “se aliarem ao Alckmin no seu projeto de sucateamento da universidade pública”. O que eles se recusaram a abordar, tratando como uma questão separada, foi a questão do modelo de universidade que o super-salário de muitos ali presentes representam, um projeto de universidade elitista e descolada das questões reais da população de dentro e fora dela.

Não é preciso dizer o quão falaciosas foram tais acusações. Criticar os super-salários não implica em defender que docentes deixem de ter carreira, muito menos está aliada ao projeto de sucateamento das universidades públicas do Alckmin. Muito pelo contrário. Implica, sim, em defender outro projeto de universidade pública, sem privilégios, sem trabalho precário, com permanência e acesso à população que paga por ela, e que não o faz pra bancar esses salários elevadíssimos de uma casta de funcionários e docentes. É defender uma universidade cujo conhecimento produzido sirva a interesses verdadeiramente públicos, e não de empresas privadas ou empresas de fomento estéreis, que não ligam o conhecimento à prática por uma transformação social. No caso específico do IFCH, é defender que o conhecimento ali produzido sirva não só para o produtivismo acadêmico, mas também para uma formação de qualidade para os futuros professores da rede de ensino básico e médio. Se os docentes que defenderam os super-salários no debate de hoje com o argumento de estarem defendendo a universidade pública a defendessem de fato precisariam hierarquizar essas questões ao invés de uma mesquinha campanha por um teto que perpetue os super-salários dentro da universidade.

A universidade pública que os docentes dizem defender é essa do jeito que está: elitista, desligada dos interesses da classe trabalhadora.




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